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Como Chuva

 
"Você me ama
Mas, não sabe quem eu sou."
- 3 Doors Down -

Tudo bem, tudo bem... eu vou parar de insistir em dizer que você não me ama.
É que, ao contrário do que você pensa; não, eu não estou querendo controlar ou menosprezar os seus sentimentos.
Porque talvez... talvez você realmente sinta que me ama.
Realmente acredito nisso.

Ao mesmo tempo em que não retiro nenhuma das vezes em que eu disse que não.

Sim, eu sei que é esse o momento em que você desvia o olhar, frustrado, e murmura pra si mesmo quão difícil eu sou. É nesse momento que deixa claro o quanto odeia meus dramas, complexidades e pequenas loucuras. Percebo que odeia minhas metáforas, meus jogos de palavras, meu sarcasmo e meu descontentamento com a raça humana. Odeia meu olhar contraditoriamente esperançoso para o mundo, meus dedo vorazes por palavras que talvez nem tenham sido inventadas ainda... odeia minha alma eternamente solitária.

É nesse momento que talvez você me ame... sim, talvez. Mas, só aquelas partes de mim que mostro ao mundo, os trechos bonitos e cheios de rima da poesia... e então fecha os olhos quando as palavras perdem o rumo e não são mais tão bonitas de se ler.

Ignora as partes não-tão-bonitas de mim, aquelas que insisto em mostrar em preto e branco pra você, e que sãos sim assustadoras e trincadas... mas que, não importam se não são o que você quer ver quando olha pra mim, ainda sim são minhas. Cada uma delas. Se você me amasse, se me conhecesse... as amaria também.
São minhas cicatrizes e rachaduras. São meus medos, minhas manias, minhas esperanças em ruínas... São as coisas que você conseguiria ver se prestasse atenção no meu olhar e no que ele quer dizer ao invés de tentar enxergar egoisticamente o seu reflexo nos meus olhos.

Mas, não. Você não o faz.
Você não me ama... não cada pedacinho de mim.

Você ama a garota que chora baixinho pra você não ouvir, mas odeia a garota que se parte ao meio pra desafogar de si todas as palavras não ditas.
Ama a garota que abafa seus gritos no travesseiro... mas odeia a que tem o silêncio mais ensurdecedor do planeta.
Ama a pobre garota que pressiona os lábios juntos, que engole lágrimas... mas odeia a mesma garota que, algumas vezes cansa, e deixa o seu sorriso trincado escorrer pelo rosto como chuva.

E isso, meu querido... Isso não é amor.
Você não pode amar ninguém assim... pelo menos não a mim.
Sim, se eu pudesse escolher, eu gostaria de passar a eternidade com você. Ainda.
Ainda tenho fé em nós.
Mas, não se eu tiver que suar sangue a cada segundo pra manter intacto essa doce ilusão que você tem ao olhar pra mim.

Eu não me importo como o restante do mundo me veja.
Eu só quero que você saiba quem eu sou.

Queda Livre



"Eu não amei aquele cara. 
Eu tenho certeza que não. 
Eu amei a mim mesma naquela verdade inventada."

- Martha Medeiros -

Não, não acho que o tenha amado.

Foi mais como gostar da possibilidade de ser amada de volta.

Nesse mundo tão saturado de amores não correspondidos, nós fomos dois egoístas que se sentiram sozinhos... e encontramos um ao outro. E, mesmo achando que ele também não me amava, aparentemente nossas solidões faziam companhia uma pra outra.

 Não era amor... era algo mais forte que nos unia, e nos fazia se encolher assim, um do lado do outro, condicionando nossas mentes a aceitar o amor que nos era ofertado, mesmo não sendo o amor que queríamos receber.

Era mais forte que amizade, eram duas almas torturadas pelo mesmo mal que tinham essa bobagem humana de não querer ser infeliz sozinho. Era o único modo de não congelar nesse mundo cada vez mais frio; aceitar o abraço desesperado que salvava ao mesmo tempo que pedia pra ser salvo.
Não éramos a cura, éramos anestesia...e bastava.

Não, não era amor... era vazio interior que nos devorava e que o outro acalmou.

Não era paz, nem turbulência... era um meio termo estranhamente cômodo onde um mantinha o outro inteiro. Onde um vigiava o sono do outro. Era um contrato silencioso de morrer de amor e continuar vivendo, era aquele necessidade de que alguém precisasse de nós.

Não era carência tão pouco... bem, talvez fosse, mas esse não era o real motivo de tudo. Não foi por isso que tudo começou. Nenhum de nós diria em voz alta, mas era medo... aquele terrível medo que assola a nós humanos; ficar sozinho. Se sentir sozinho. E sim, essas duas coisas as vezes são completamente diferentes.
Não podíamos, não queríamos acreditar naquela frase que diz que nós entramos no mundo sozinhos e saímos dele do mesmo jeito.

Não era amor; era queda livre. Que de alguma maneira não me fazia gritar em desespero e medo, não enquanto eu tivesse a mão dele na minha enquanto caia. E eu sabia que era recíproco o sentimento.

Talvez fosse essa segurança de saber exatamente onde estávamos nos metendo, de entender com perfeição o que um sentia ao lado do outro, que não era amor e não podia ser mal interpretado... Talvez fosse essa calmaria de saber que podia estender a mão e simplesmente pegar a dele sem medo de parecer fraca, sem medo de ser humana em sua essência.

E eu não sabia pra onde estávamos indo e se iríamos ficar bem quando chegássemos lá, mas fosse o que fosse, onde fosse... queria ir com ele.

Mas, não, não se engane; não era amor.

Era a beleza de poder entrelaçar os meus dedos nos dele com a força que eu quisesse e deixar minha insegurança escapar em um:

- Juntos?

E ele me sorrir aquele sorriso eternamente triste que ultimamente, eu estava perigosamente querendo fazer desaparecer... e então dizer.

- Sempre.

E então, mais uma vez, saltarmos em queda livre.

Sem medo.
Sem dor.

Não era amor.
Mas, uma parte de mim queria que fosse.

Pure


" Quando você consegue o que quer, mas não o que precisa.
Quando as lágrimas começam a rolar pelo seu rosto
Quando você perde algo que não pode substituir
Quando você ama alguém, mas é desperdiçado...
Pode ser pior?
Luzes te guiarão até sua casa
E aquecerão seus ossos
E eu tentarei consertar você."

- Fix You - Coldplay -

Eu sei que não é justo aparecer na sua casa assim.
Tão... destruída.
De maquiagem borrada, lábios trêmulos e olhar de quem se perdeu... ás 3 da madrugada.
Não é justo te pedir pra me abraçar forte enquanto sussurra que está aqui... Não é justo te pedir para fazer o mundo parar de girar por alguns momentos só porque não estou conseguindo me equilibrar em meus próprios pés.

Não é justo vir aqui e te implorar que me conserte.

Mas, eu sequer preciso pedir todas essas coisas que seriam pedidos nada justos a se fazer... você já está aqui. Todo olhos, alma e coração.

Todo você... todo pra mim.

E não é justo que eu aceite a sua oferta de cuidar de mim.

Mas, eu faço.

Porque sou uma humana, fraca e egoísta...
Porque não tenho estrutura emocional para existir.

E só aqui, com você, me permito respirar.
E você não me pede nada, não me pergunta nada... não diz aquelas frases feitas que na verdade não fazem ninguém se sentir melhor.

Somos só você, eu e silêncio.
Como sempre, o mundo se calou nos seus braços.

E quando percebo já estou no seu colo, arruinando sua camisa com minhas lágrimas e você rola os olhos quando tento me desculpar. Então eu tento rir, mas sai um sonho estranho e engasgado... e me lembro que não preciso me forçar a sorrir e parecer feliz e satisfeita.
Não aqui. Não com você.

Porque você me conhece do avesso e ainda me acha bonita.

E eu queria desesperadamente dizer que amo você, mas não posso... não sai.
Porque estou quebrada e não suporto a ideia de me dar em pedaços pra você.
Porque você merece alguém melhor e mais bonito, sem lágrimas manchando seu sorriso. Sem feias cicatrizes com as quais você terá que conviver.

Você merece algo puro... imaculado.
E eu queria muito ser isso pra você.

Queria que tivesse me conhecido antes de tudo... queria não ter me perdido antes que você me encontrasse.

Queria ter sido sua desde o começo, que nossos destinos tivessem sido traçados desde nossa primeira respiração e que não houvesse nenhum obstáculo no meu caminho até você.

Mas aqui, agora, nesse segundo.. ainda sinto que poderia dar certo sabe? Me permito acreditar que sim, você poderia curar meus olhos tristes, minha alma machucada...

Se eu permitisse que você se aproximasse o suficiente.

E, quando sua respiração se cruza com a minha nesse quarto escuro, quando seus olhos me encontram não importando o quanto eu tente sumir...
Eu decido me permitir.

Te deixar entrar nessa bagunça que eu sou... e já adianto que não é um lugar tão bonito quanto você insiste em dizer que é...

Por que está beijando minhas cicatrizes?
Elas deveriam repelir você.
Por que não desvia o olhar e me diz que sou uma bomba relógio emocional e que vou destruir sua alma bonita com meus destroços?
Por que continua a procurar meus olhos tristes, meus lábios trêmulos como se tivesse a cura para ambos?

Por que continua a me dizer que vai ficar aqui, comigo, quando todo mundo já foi embora?
Porque continua a me olhar como se eu fosse linda, imaculada e pura?

Eu sou uma bagunça, você não vê?
As peças do meu coração são cacos de vidro, eu feriria você.
Então por que você não tem medo de recolher esses pedaços e amar cada um deles?
Por que não segue seus melhores instintos e se afasta de mim?
Porque... O porque... eu o vejo em seus olhos agora.

Porque você me ama.

Mesmo que eu seja desfigurada, intensa e verdadeira como um quadro de Picasso, como a Tati Bernardi diria.
Mesmo que talvez seja o maior e mais bonito erro que você vai cometer.

Então eu empurro as palavras pra fora.

Porque é isso é o que sei fazer.

E, se eu estragar alguma coisa eu sei:

A gente briga e se reencontra, você impede que eu me perca e eu tento te salvar algumas vezes também. E diremos que vamos partir, mas nossos passos vão sempre na direção do outro, e a gente grita e chora, e dói e cura...

E a gente ama, ama e ama.

About Us




"Quando ele ri, doce, imagino meus filhos iguais a ele."
- Tati Bernardi -

É loucura, eu sei.
Um sonho que provavelmente vai me sufocar logo, pela manhã.

Mas é aquele tipo de sonho que construímos com tanto cuidado, com nossas próprias mãos... e não permitimos que ele se perca de nós.
Sei que o peso dessas expectativas talvez te faça sumir... desaparecer, como o brilho das estrelas pela manhã.

Mas, quando meus olhos encontram os seus, facilmente, mesmo entre os olhos de outras mais de 8 bilhões de pessoas no mundo... olhos sábios demais para alguém tão jovem, inteligentes demais para alguém que ri e compreende minhas piadas bobas...
Eu não consigo evitar que um milhão de possibilidades criem raízes no meu coração... e que todos os 'futuros' que eu imagino não conseguem existir sem um "nós".

Porque, quando você sorri como se soubesse exatamente onde vamos estar daqui a cem anos... você se torna tudo. As mãos que eu quero entre as minhas, os olhos que eu quero velando meu sono, a voz que eu quero que abrace meu nome.
Quando você sorri assim tão bobo, sem pressa, como se o mundo estivesse esperando nossos passos calmos e silenciosos na mesma direção...

Você é minha imortalidade.

E eu não consigo parar de imaginar nosso casamento, eu conservadora com meu longo vestido branco e você, com uma jaqueta preta de couro que cai melhor em você do que em qualquer outra pessoa, ao invés de um terno. Imagino minha mãe chorando e eu assegurando a ela que se alguém me fará feliz no mundo, esse alguém é você.

Imagino nossa casa, sua música alta preenchendo as paredes, mas música escolhida com bom gosto. Imagino minha preguiça embaixo dos cobertores e suas cócegas pra me despertar... imagino nossas brigas bobas que sempre vão acabar com beijos melhores do que o anterior.
Imagino nossos filhos correndo e espero que eles tenham seu sorriso, seus olhos...

Sua alma.

E talvez um pouco da minha teimosia, e muito da minha fé porque foram essas coisas que me trouxeram até você.

E talvez sejamos mesmo jovens demais para falarmos em pra sempre... mas é que, só com você o pra sempre não me assusta.

Com você o 'pra sempre' é meu.

Impacto em Impulso



"Eu nunca senti isso antes.
Estou exatamente onde quero estar."
- Brilho Eterno de Uma Mente Sem Lembranças -

Eu nunca fui impulsiva.

Nunca fui o tipo de garota que atravessaria um aeroporto gritando o nome de alguém só pra impedir que ele partisse.
Nunca me imaginei sendo o tipo de garota que correria atrás de um carro em movimento porque dentro dele estava a pessoa que eu amava.

Eu só nunca me imaginei nessas grandiosas cenas de filmes românticos, essas reviravoltas no segundo ato... nunca me imaginei sendo aquela garota em cena que tinha encontrado em si mesma uma coragem que jamais pensou que tinha.

Ou talvez eu simplesmente nunca tivesse encontrado o cara pelo qual tudo isso poderia valer a pena.

Mas, então eu vejo você... completamente alheio ao impacto que tem sobre cada centímetro de mim.
Impacto que consegue transformar em impulso.
Impacto que me transforma.

Então eu percebo que é você todo o impulso de que preciso para fazer todas aquelas coisas que jamais pensei que faria. Que jamais pensei que conseguiria fazer.

Usaria minhas economias para comprar uma passagem que me levasse a você, daria a volta no planeta sem hesitar. Interromperia um casamento, pararia um avião...
Escreveria um milhão de textos pra você. A cada dia, a cada segundo... todos seriam seus. Sempre.
Pra sempre.


E eu sequer sei se você faria metade dessas coisas por mim... mas essa é a mágica do amor:
Eu não me importo.                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                                             

Última Dança



Mas ai você me pede meio bobo, meio lindo... pede que eu fique aqui com você.
Interrompe minha fuga de você pra me dizer que precisa de mim ás vezes... como se não se importasse com o fato de que eu precisei de você o tempo todo.
E eu te prometo que essa é a última vez... que essa é nossa última dança.

Que já está na hora de eu encontrar alguém que dance a canção inteira comigo e não só as partes mais bonitas.

E vocês diz que aceita, mas sei que no fundo pensa que no fim da noite eu ainda vou querer você para guiar meus passo incertos. Pensa que eu nunca serei capaz de dançar outra canção além da nossa.
Que meus pés jamais se acostumarão a um amor mais melódico, menos conturbado, menos cheio de reviravoltas.

Sei que acha que uma garota encantada por você como eu, nunca desistiria de nós... mesmo que 'nós' jamais tenha existido.

Talvez hoje seja eu quem te surpreenda.
Meu passos já não são os mesmos.
Você não me guia mais.

Então quando a música começa, eu estou dançando pra mim mesma, não mais tentando desesperadamente traçar com meu pés uma linha que nos ligue.

Sou só a garota que você nunca amou de verdade, mas que agora se ama o suficiente por nós dois...

E isso te assusta.
E me liberta.

Adorar & Amar


"Tenho medo de terminar sozinha.
Tenho medo de ser sempre amiga, irmã e confidente...
Mas, nunca o "tudo" de alguém"

- Tati Bernardi -

Ele pressiona seus lábios demoradamente no alto da minha cabeça, entre meus cabelos desorganizadamente soltos.
- Eu adoro você, minha menina. - ele sussurra ainda entre meus cabelos, o calor de sua voz tocando minha pele - Sabe disso, não sabe?
Eu assinto tão sutilmente que quase não tenho consciência disso. Assinto por hábito, mais do que por concordância.
Então ele se afasta e sorri pra mim... e ilumina meu mundo inteiro, mesmo que eu lute contra o fato de ter dado a ele esse poder.
Joga sua jaqueta sobre o ombro, segue até a porta, pára um segundo para piscar rapidamente pra mim e... se vai.
E todo cansaço me abate.
"Eu adoro você", a frase ecoa pelo ar, e ela tem o poder de me partir ao meio.

Ele me adora... mas, não me ama.
E de repente a distância entre esses dois sentimentos me parece anos-luz.

Enrolo meu cabelo, me estendo sobre a cama, me aninho no travesseiro ao meu lado que ainda tem o cheiro do cabelo dele... Que ainda guarda lembranças da noite anterior onde ele se apoiou no meu colo enquanto seu mundo ruía e fez esse pequeno quarto de cortinas cor de rosa - sobre as quais ele sempre zomba de mim, de onde veio o apelido de 'minha menina' - durante essas pouco mais de oito horas, se transformar em nosso mundo.

Onde eu contei a ele minhas milhares de histórias sem pé nem cabeça e piadas sem graça que eu havia ouvido em vários lugares dos quais não me lembro, só para distraí-lo de si mesmo e de seu coração partido enquanto eu ignorava o meu.

Mas, sempre quando ele se vai, não posso ignorar meus sentimentos exaustos, não posso ignorar que eu o deixei usa-los mais uma vez...contra mim.

Não posso ignorar a terrível diferença entre adorar e amar.

Quando ele passa por aquela porta, não consigo parar de me perguntar quantas vezes ainda deixarei que ele faça isso comigo... ao mesmo tempo em que não consigo parar de perguntar a mim mesma o que eu farei se/quando ele não voltar.

Não consigo ignorar esse medo gritante de terminar sozinha. De ser sempre a garota que coloca o mundo dos outros em suas costas, mas jamais será o mundo de ninguém. Que sempre se limitará a ter um conhecimento teórico sobre o amor, que sempre será alguém que pode ser adorada...

Mas, jamais amada.

Tenho medo que o tempo passe e que ele e seu coração partido precisando de cura sejam a única amostra de amor que eu tenha, mesmo sendo o tipo de amor errado. O tipo de amor que me mata um pouco cada vez que ele atravessa aquela porta.

O tipo de amor sobre o qual os contos de fada jamais me alertaram.

Uma parte de mim, quando ainda uma garotinha, acabou por acreditar, baseada em todas as histórias que ouvi que, se você amava alguém o suficiente, seria natural que essa pessoa te amasse de volta...
Havia dragões, bruxas, torres... mas, no final, sempre havia o amor que fazia toda a história valer a pena.
Havia o tipo de amor capaz de salvar.

Havia o tipo de amor que, agora, me salvaria dele...
E de mim.
E dessa minha insana necessidade de cuidar dele, de mantê-lo seguro mesmo que ele nunca me dê essa mesma certeza de que jamais estarei sozinha.

De que eu serei amada.

Sentido



"Ele a queria
Ela nunca confessaria
Mas, em segredo, ela o queria também"

- Avril Lavigne -

E aqui estamos nós novamente.

Nos perdendo cada vez mais irreversivelmente um no outro, porque simplesmente não conseguimos fazer sentido em uma conta de mais.
Embora todos os dias, todas noites, nós voltemos para casa com essa sensação que deveríamos ser um do outro.

Ambos sabemos que já somos suficientemente complicados quando separados e que nossa junção só aumentaria o potencial de nossa destruição.
Ambos sabemos que 'nós' jamais deveria existir.

E nós seguimos com essas nossas vidas paralelas, torcendo secretamente para que em algum momento a gente se esbarre de novo, se fale de novo, e que dessa vez nós dois juntos pareça certo.

E todas essas tentativas que fizemos de banir um da vida do outro, e todas as vezes em que um resolveu sangrar ao ouvir, mas não atender, a ligação do outro, tudo o que a gente fez para parar de amar tanto pra nada... vamos admitir que nunca surtiu efeito.

Porque a gente sempre volta com mais saudade ainda, com vontade de abraçar tão apertado o outro até que ele se transforme em parte irreversível e não mais algo contra o qual deveríamos lutar.

Porque no fim, nós sempre permanecemos assim, nessa eterna dança em que a gente bem que tenta dar uns passos sozinhos, mas acaba sempre sentindo que a música para de fazer sentido se os braços certos não estiverem ao nosso redor, nos guiando.

Ao som da música que só faz intensificar nossos sentimentos não-tão-secretos que a gente insiste em camuflar mesmo que todo mundo saiba, porque é a única coisa que realmente podemos fazer.

Então a música acaba e a gente finge que está tudo bem em partir, mas sempre fica uns segundos a mais nos braços um do outro.

E ao nos separar, nós cambaleamos para trás, porque a dor de se perder um do outro, nos tira o equilíbrio.
E damos um ao outro um sorriso em que nenhum de nós acredita e que mal chega aos olhos.

Aquele desejo de ser um do outro, com o qual nós já nos acostumamos, atravessa a rua com a gente. Perfura o casaco que apertamos contra o corpo nos fazendo estremecer. Deita ao nosso lado na cama e nãos nos deixa dormir.

E voltamos a viver aquela vida estranha que não parece nossa, porque mesmo não fazendo sentido juntos, muito menos sentido fazemos separados.

Pacificamente Turbulento


"Eu sou do meu amado
E o meu amado é meu"
- Cântico cap. 6, vers. 7 -

Há uma parte sua que sempre foi dele mesmo antes que vocês tivessem se conhecido.
Há uma parte dele que, no rosto de todas as pessoas, estava inconscientemente procurando você, desde sempre.
Você é do seu amado... e o seu amado é seu.
Nem sempre o amor precisa ser complicado, cruel ou assustador.
Há sempre aquele exemplo de amor belo e pacífico - no qual você você não sabe ao certo se acredita ou não - que não precisa de reencontros, inimigos ou reviravoltas no segundo ato.
Ás vezes o amor é simples... mas isso não o faz ser menos amor.
Ás vezes você simplesmente encontra alguém que se encaixa, sem grandes complicações.
Em outras ele - o amor - exige mais de você. Exige sangue, suor, lágrimas... Exige turbulência.
Mas, isso também não o faz ser menos amor.
A única coisa que não muda em ambos os casos é que você simplesmente sabe em seu coração - sem precisar do apoio da lógica para isso - que, lutando pelo seu amado ou simplesmente pegando a mão dele, você sabe, tem a certeza incontestável, que não há nada mais certo do que estarem juntos.
Que, de maneira simples e complexa, você pertence ao seu amado e ele a você.
Turbulento, pacífico, complicado, cruel, belo ou assustador...
O amor se apresentará a você das mais diferentes formas.
Ele encontrará você.
Não importa se como um furacão ou uma brisa, se pacificamente turbulento...

Deixe-o entrar.

Minha Primeira Declaração



" É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. Mas amor, você sabe, amor não se pede Amor se declara"- Tati Bernardi -
Eu jamais me declarei para ninguém sabe? Não sei bem porque.Talvez por jamais ter sentido algo forte o suficiente para habitar fora de mim, em palavras... em uma séria declaração.Ou talvez, apenas talvez, porque eu não seja corajosa o suficiente.Ou então... porque eu sempre tive essa ideia de que declarações eram um simples modo de pedir por amor. E amor, eu aprendi, amor não se pede.Não importa o quanto por muitas vezes a gente queira pedir, implorar até.  Não importa quantas guerras o orgulho perca para o amor dentro de nós, ainda assim, por mais que doa, você não pode pedir.Porque quem você ama... tem que te salvar voluntariamente.
Amor não se pede. Amor se declara.
Mas, ai é a parte difícil... se entregar á vulnerabilidade de dizer em voz alta tudo o que está habitando você... Onde se encontra a coragem necessária para um salto como esse?
Amor se declara... mas onde buscar essa intrepidez de quem ama por inteiro? 
Sinceramente? Eu não faço ideia.
Mas eu queria essa coragem sabe? Queria não ter medo das palavras, nem mesmo do resultado que elas terão.
Queria voltar a amar de novo com aquele intrepidez de coração sem cicatrizes, olhos brilhantes... alma aberta.
Mas... eu já me machuquei sabe?E não importa o quanto você queira voltar a acreditar, leva tempo e paciência... não dá para apressar sua própria cura... não dá pra se jogar de novo quando suas pernas, ainda trêmulas, estão no lento processo de se acostumar novamente ao chão.
Não dá pra abraçar o mundo, quando você ainda está abraçando a si mesma.
Mas, o amor, o verdadeiro amor... ele espera.
Como na Bíblia; "Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo tolera."
Ele - o amor - sabe que meu coração quer amor, mas ainda assim, ele só vai preenche-lo de mansinho, pra não assustar, pra não machucar, pra não ser em nada parecia com a última vez. 
E ele, esse meu príncipe em potencial, a quem eu dedicaria minha primeira declaração... ele vai continuar habitando meus olhos que ele faz - perigosamente - voltarem lentamente a brilhar. Minha mente, onde cada palavra dele se transforma, sem pretensão alguma, em mil sorrisos diferentes. 
Meus lábios que ainda de maneira tímida, começam a chamá-lo de meu.
E, se minha primeira declaração for pra ser dele eu sei que simplesmente será. Sem planejamento exagerado,  sem aquele medo caracteristicamente apaixonado.
E todas aquelas palavras que eu - secretamente - tenho tanto medo que tenham vida através de mim, eu sei que se transformarão na declaração que exprimirá tudo aquilo que eu quero dizer.
Então eu direi tudo a ele. Direi que esse texto, meu príncipe em potencial, é pra você.
E que foi através de você, foi por você, que eu entendi que uma verdadeira declaração de amor, de fato, não pede atenção, não implora salvação... muito menos amor.
Uma verdadeira declaração é o ato de dar-se a alguém.Sem esperar nada em troca.
Talvez amar seja um ato de fé.

O Adeus de Julieta


" Essas alegrias violentas, 
Tem fins violentos
Falecendo no triunfo 
Como o fogo e a pólvora 
Que em um beijo 
Se consomem"
- Willian Shakespeare -

Essa é a parte que a história não conta. A poção não fez efeito imediatamente.
Julieta teve tempo de sentir medo.
Sabia que logo mergulharia na inconsciência tão profundamente que qualquer um diria que ela estava morta... e então, quando despertasse, estaria nos braços de quem amava.
Mas, o medo, persistentemente, lhe perguntava como tinha certeza que a poção funcionaria? Por que ela tinha tanta certeza que seus planos dariam certo?
E se Romeu não viesse?
"Ele virá!" ela disse pra si mesma, "Minha fé nele o trará pra mim"
"Vamos ficar junto; fugiremos juntos. Iremos para algum lugar onde nosso amor seja mais importante que nosso sobrenome. Qualquer lugar contanto que possamos ver o céu e o amor nos olhos um do outro. Contaremos estrelas, ele me fará novas juras de amor... o pra sempre será nosso".
Mas essa é a parte que não contaram a ela; sim, ele virá... mas nada no lindo futuro que ela planejou, se concretizará. Não haverá tempo... não haverá chance.
Porém, o melhor é que ela adormeça assim, sorrindo com os milhares de sonhos que habitam seus olhos. Quem tiraria isso dela?
É como um último desejo a quem sequer sabe que está condenado... a morrer de amor.
"Ele virá" ela repete " Ele virá", e então adormece.
Sim Julieta, ele virá. E vocês ficarão juntos.

Nessa vida ou na outra.

Intrepidamente


E tem esse cara...pelo qual sou completamente apaixonada.
E isso o torna o ser mais perigoso da Terra.
E é esse o motivo pelo qual nunca mais deveria vê-lo.
Porque haverá sempre aquela vozinha gritando no fundo da minha cabeça que eu não posso me magoar novamente.
Que eu não posso me deixar confiar de novo.
Mas, então ele vem e leva tudo embora...as tristezas, as desilusões. Ele vem e me enche daquele sentimento que eu tenho medo de dizer em voz alta... Mas que digo aos sussurros:
- Ele vem... e me enche de fé.
E ele sabe que é disso que preciso. Ele simplesmente sabe, ao olhar nos meus olhos que eu preciso dele...e de todos os riscos que isso implica.
Ele vem e me enche da coragem que eu achei ter perdido...
Me traz de volta aquele dom incrível de amar intrepidamente.
E eu o deixo me levar, quando ele vem, para onde quer que seja... de olhos vendados e de pés flutuantes. Calando meus medos automaticamente ao tocar sua mão.
Sabendo que não há sequer uma parte de mim que não se renda... que não esteja gratamente cativa.
Sabendo que não há sequer uma parte de mim que não esteja vulnerável.
E, ainda assim, me sentindo a pessoa mais forte do planeta.

O Silêncio das Estrelas



"Ficamos sentados em silêncio, contemplando o mundo à nossa volta. 
(...)Porque o silêncio é puro. O silêncio é sagrado. 
Ele aproxima as pessoas, porque só quem se sente confortável ao lado de outra pessoa pode ficar sentado sem falar. Esse é o grande paradoxo."
- Nicholas Spark ~ Diário de uma Paixão -

Ficamos ali, juntos, em silêncio.
Não porque não houvessem palavras a serem ditas mas sim porque, de alguma maneira, elas não eram necessárias.
Não era em nada parecido com aqueles silêncios desconfortáveis que eu experimentava com várias pessoas que conhecia, mas sim aquele silêncio que não precisa ser preenchido por nada além de nossas respirações.
Estar ali parecia certo e eterno. Como se, depois de ter viajado o mundo inteiro eu descobrisse enfim o lugar exato aonde deveria ter estado sempre e meus pés pudessem descansar.
Como se, contanto que eu mantivesse minhas mãos entre as suas, eu jamais me perderia novamente.
E depois de tanto tempo me perdendo, era exatamente isso que eu queria, que eu precisava; estar ao lado de alguém que me assegurasse que sempre me traria de volta.
Que me manteria a salvo de minhas dúvidas e dramas e que me salvasse cada vez que o mundo ameaçasse ruir sobre a minha cabeça.
Eu precisava de um super herói e você veio, me tirou de entre os escombros...
Você veio e se tornou tudo o que eu queria, tudo o que eu precisava.
Você me salva todos os dias.
E esse silêncio belo, parecido com o das estrelas está saturado com a certeza, a absoluta certeza, de que não há nada mais certo do que estarmos juntos.

Após a Meia Noite


Levante-se.
A história ainda não acabou.
Se o seu final feliz não veio, vá busca-lo.
Só não baseie mais sua vida e suas decisões nos contos de fada.
Só não se perca nas escadarias do castelo; quebre o protocolo... arranje um jeito de saltar da torre.
Esqueça o que a fada disse sobre você fugir a meia noite, apenas fique lá, no centro do salão e deixe que a magia se vá. Deixe seu príncipe te ver como você realmente é e não tenha medo.
Não era o vestido, não era a carruagem...era você. Não importa como você parecia, não entende? Não importa o que você estivesse vestindo... ele olhou em seus olhos e viu você.
A garota que lutou e chorou para estar ali. Para chegar até ele. Que merecia mais do que ninguém o seu lugar naquele salão.
Porque de alguma maneira você simplesmente sabia que vocês eram um do outro mesmo antes de tê-lo conhecido.
Saber e crer, em seu coração é toda a magia de que você precisa.
Ele é o príncipe, você a princesa...estão exatamente onde deveriam estar; nos braços um do outro.
Então, quando o relógio soar não se mova, não hesite...não tenha medo.
Abrace com todas as forças seu final feliz.
Não se esconda, não tenha vergonha de quem você é. Olhe nos olhos dele durante todo o processo, quando seus vestidos voltarem aos trapos, seus pés ficarem descalços...
Só...olhe nos olhos dele.
Ele vai ver. Eu sei que vai.
Ele vai ver você.

E, por hoje, Amor...



"O amor comeu meu nome, minha identidade, meu retrato. O amor comeu minha certidão de idade, minha genealogia, meu endereço. 
O amor comeu meus cartões de visita. O amor veio e comeu todos os papéis onde eu escrevera meu nome.
O amor comeu minha paz e minha guerra. Meu dia e minha noite. Meu inverno e meu verão. Comeu meu silêncio, minha dor de cabeça, meu medo da morte."
- João Cabral de Melo ~ Os Três Mal- Amados -

E pra esse tal de Amor, desculpe, mas você não é bem vindo.
Sei que provavelmente minha opinião vai mudar daqui a semanas, dias...daqui a vinte e quatro horas. 
E sei que vou te querer de volta, e todo o sentimento e misto de bem e mal que você gera, mas...só por hoje; o amor não é bem vindo.

Da última vez que você entrou Amor, foi como a mistura de um terremoto, um ciclone...e qualquer outra coisa mais impactante que exista por ai. Você veio Amor e fez o que quis... como sempre. Você sempre faz o que quer, não é?

E me deixou pra limpar a bagunça.

Me cortei com os estilhaços espalhados pelo chão... em meio a lembranças e cartas lançadas ao vento, eu me perdi.

Então Amor, se resolver dar as caras, não espere que eu te espere de braços abertos... meus braços estão muito ocupados abraçando a mim mesma pra não partir ao meio.

Só por hoje Amor, você não pode entrar. Não ligue, não me venha com promessas de um amor que será eterno dessa vez... mantenha distância.

Meu coração está surrado, partido e desiludido... Mas, eu sei que ele não vai desistir.
Eu sei que vou implorar por você Amor, daqui a pouco... sei que vou querer sentir você...daqui a pouco.

Mas, por enquanto, fique longe de mim.

Never...Ever


- Não se preocupe comigo -, ela sorriu - Se ele me machucar, eu simplesmente vou esquecê-lo.
Inalei lentamente o ar de outubro, ao lado dela, sentindo que só nas últimas duas semanas eu voltara a respirar. Dividia minha vida no período Anterior e Posterior a ele...
Nada, nunca, será igual.

E invejei a ingenuidade dela... a facilidade com a qual ela observava o que ela estava prestes a fazer; se apaixonar. Loucamente - afinal, qual amor não tem traços de loucura? - mergulhando fundo de mais para conseguir voltar a superfície.
Sem sequer se dar conta.
Eu me enxerguei nela; eu também já fora a garota que não tinha medo do amor.
Na mente dela, eu podia adivinhar, não havia nada mais simples do que se livrar de um amor mal sucedido. Como apagar com força uma palavra errada no papel e restar apenas leves marcas nele; apenas lembranças. E com memórias, ela pensava, memórias não a matariam.
Quis dizer a ela, que jamais seria tão simples. Que o amor não te deixa mesmo quando vai embora. Que ele fica impregnado em sua pele, dificulta a sua respiração... que depois da passagem dele, ela jamais seria a mesma.
E que isso teria um lado bom e outro ruim com os quais ela inevitavelmente teria que aprender a conviver.
Queria dizer que caso ele a machucasse, mesmo assim ela ainda a amaria. O amor teimaria em permanecer, mesmo quando já não houvesse sequer uma chance...e então ela aprenderia que ás vezes as lembranças dão sim, a clara impressão, que poderiam te matar.
O quão irônico seria morrer de amor?

Queria dizer que seria melhor que ela desistisse antes mesmo de começar... Que havia uma chance em um milhão.
Mas, uma parte de mim, a que contava e fazia pedidos as estrelas, a que achava que o amor verdadeiro estava por ai, queria também dizer a ela que não importava quais fossem as chances ela deveria se agarrar a isso. Dizer que ela deveria ser mais forte do que jamais fora, por que o amor não foi feito para covardes.
Uma parte de mim, que havia sobrevivido a experiência de quão amplamente o amor pode destruir, queria só dizer a ela que o amor valia a pena sim.
Que as lembranças que talvez a machucassem também, contraditoriamente, a fariam viver.
Queria dizer a ela, tanta tanta coisa...
Mas, só o que escapou de dentro de mim e da eterna batalha entre o 'eu' dizimado e o 'eu' que mantém a fé foi:

- Faça dele o seu Felizes Para Sempre.

O Príncipe Errado

" Você nunca vai encontrar o cara certo,
senão deixar o cara errado ir"
- Tati Bernardi -

Talvez eu deva seguir seu conselho, Tati Bernardi.
Talvez eu deva deixa-lo ir.
Mas, eu só queria saber se é normal que doa tanto.
Se é normal que eu chore noites inteiras por alguém que eu sei que é o cara errado. Que eu sei que não é por quem eu tenha esperado.
É normal ter o coração partido e a mente impregnada por ele, mesmo que eu saiba que só estou tentando encaixa-lo em um final feliz que não é dele? Em uma história que não pertence a ele.
Meus sentimentos estão claros dentro de mim...no entanto há uma parte de mim que se contorce na ausência dele.
Embora eu saiba que ele não pode curar a falta que o cara certo me faz... o cara errado mantém a dor longe das minhas feridas. Ele não tem o poder de cicatriza-las, mas ainda assim o alívio da presença dele, parece o suficiente.
Uma parte de mim, Tati Bernardi, precisa dele,
Porque talvez o cara errado seja mesmo o príncipe...talvez o erro seja que eu não sou a princesa certa.
E eu não sei bem o que fazer com esse meu egoísmo de querê-lo aqui quando a única coisa certa a se fazer é deixa-lo ir...
Mas, você está certa Tati.
Você está certa.

Acima das Nuvens



Então, você me fez sorrir sem qualquer pretensão.
Nossos risos se uniram no ar e, eu não sei se foi magia ou só minha imaginação, mas eu pude jurar que o som da nossa risada se uniu no ar em espiral se tocando e se unindo no topo como um redemoinho de um único som.
E quando eu percebi que aquele som seria, a partir daquele momento, o meu preferido em todo o mundo... o som que eu gostaria de ouvir pelo resto dos meus dias.
Eu soube.
Era você por quem eu estava esperando.
E foi estranho o fato de eu sequer me perguntar porque você havia demorado tanto. Não importava mais...eu não queria falar.
Eu queria só olhar pra você...pra sempre.
Você sorriu, totalmente alheio a minha descoberta.

E eu voltei pra casa em uma nuvem.

A Contadora de Estrelas





~* "Eu te odeio", disse ela para um homem cujo crime único era o de não amá-la. 
"Eu te odeio", disse muito apressada.
Mas não sabia sequer como se fazia. (...)
Onde aprender a odiar para não morrer de amor? *~

- Clarice Lispector -


E se perdeu, o que ela planejava dizer...
O "Eu te odeio" ficou preso em algum lugar entre seu coração e a garganta... tirou-lhe o ar.
Porque quando ela olhava pra ele, ódio era a última coisa que sentia.
Queria que ele nunca houvesse dito a ela que ela não habitava em seu coração...mas agora era tarde demais.
A ignorância, ela pensou em meio a dor, seria uma benção agora.
Os contos de fadas mentem... o amor não cura tudo.
Ela quis poder exorcizar esse amor gritante que lhe partia o peito... e ele, sem culpa alguma, não fazia idéia da batalha que ela travava dentro de si.
Queria ser forte o suficiente para ali mesmo, onde ela finalmente soubera que o amor era unilateral, que ali mesmo ela pudesse arrancar aquele sentimento de dentro de si e jogá-lo no chão aos pés dele.
E ela queria odiá-lo. Mas não podia.
Não quando seus olhos, olhavam pra ele...e enquanto ela chorava ele não sabia o que fazia ao certo; se ficar e abraçá-la ou partir como se assim levasse a dor.
Ela viu em seus olhos, e isso foi o que mais doeu...ele nunca quis machucá-la.
Mas que diferença fazia? Seu coração estava partido do mesmo jeito.
Queria gritar com ele, com todo o ar que tinha em seus pulmões debilitados... queria cerrar os punhos e bater contra o peito dele com toda a força que tivesse e perguntar...
Perguntar oque? Nem mesmo ela sabia.
Talvez perguntar por que ele não a amava. Embora ela soubesse que essa seria a única pergunta a qual ele não poderia respondê-la.
No entanto era a única que importava.
Tentou pronunciar novamente as palavras que ela pensava que queria dizer... mas não podia. Não queria.
O amava.
Mas, não queria mais sentir.
Queria se desligar ali, naquele momento... queria que houvesse algum botão que parasse aquilo tudo. Queria desistir.
Porque seu amor não a queria... não havia final feliz algum ali.
Mas, ela...pobre garota que contava estrelas... por algum motivo que ela nunca entenderia...talvez puro masoquismo, queria permanecer ali.
Naquele lugar onde ela colocou as cartas na mesa... e viu o vento levá-las.
Naquele momento em que seu coração jamais partido, percebeu que o amor não é de frases e poesia... é de lamento.
Ficou ainda mais triste ao lembrar-se da poesia. As exatas 17 cartas que ela tinha na bolsa, as quais durante o último mês havia escrito pra ele.
Pensou em entregá-las, mas faria alguma diferença agora?
Pensou em jogá-las fora como o amor que dedicara, mas era um pedaço seu e dele habitando-as...Um pedaço do qual ela não podia se livrar, ainda não...
Lembrou-se do desenho, meio rabisco, que havia feito do rosto dele... perguntou-se se poderia olha-lo novamente sem partir ao meio.
Quis rasgá-lo... mas sabia que não teria coragem.
Quis esquecer...
Quis não ser mais uma garota com o coração partido, quis...tanta coisa.
Quis não morrer de amor.

Meias Verdades


"Eu penso em você...
E sonho com você o tempo todo"
- 3 Doors Down -

Eu nem sei explicar.
Eu só sei sentir... e parece o suficiente.
Sinto sua falta de uma maneira que você nunca irá compreender.
Fico tentando adivinhar o que você sente, mas não consigo. Você precisa me dizer.
Uma palavra sua; e eu nunca mais falo de amor pra você.
É assustador demais deixar que esse sentimento cresça, sem saber se ele está fadado a morrer sozinho.
Eu preciso saber, mesmo que a resposta me machuque então.
Meias verdades não mantêm um coração inteiro.
Essa dúvida não me deixa parar de pensar na possibilidade de nós dois...Por que eu não tenho certeza se isso não tem nenhuma chance de acontecer.
Então, me faça saber. É melhor do que me iludir e ter o coração partido de qualquer maneira. Me faça saber.

Basta uma palavra sua...
E eu nunca mais falo de amor pra você.