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[Merece Um Post] Sobre Sorrisos e Corações Partidos

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Antes de ler Sorrisos Quebrados da autora Sofia Silva ano passado, tenho algo para confessar; nunca havia realmente prestado atenção nem sabia muito a respeito de violência doméstica. Tudo o que sabia vinha de noticiários e pessoas que comentavam casos assim como de mulheres que "gostavam de apanhar" mesmo nunca entendendo como alguém poderia supor que algum ser humano é emocionalmente cativado por qualquer que seja o tipo de violência. No entanto essas noticias invariavelmente "entravam por um ouvido e saiam pelo outro", como mais uma das várias atrocidades com as quais (e é horrível e assustador dizer isso) nós acabamos nos acostumando. Quão triste isso soa?

Depois de uma avalanche de comentários positivos, de leitoras emocionadas invadindo grupos de leituras cheios de amor pela história de Sofia, fui procurar saber mais e confesso que o tema me assustou e realmente me retraiu. Existem alguns temas sobre os quais simplesmente não consigo ler porque me envolvo demais e fico muito mal, e entre eles há a violência em si e, no mais alto grau, a violência contra crianças e o abuso sexual... é uma barreira para mim. A dor do personagem se infiltra na minha pele de uma forma tão intensamente dolorosa quanto leio que levo meses pra me recuperar e ainda assim, ela jamais sai de verdade da minha mente. Então, confesso que se não fosse o contorno romântico que a história parecia ter, eu provavelmente teria fugido de Sorrisos Quebrados.

Que bom que não o fiz.

Ler Sorrisos Quebrados realmente abriu meus olhos e meu coração para a dor de milhares de outros. Através dessa leitura entendi que nada é tão simples quanto as pessoas tentam pintar, que não existe sequer um ser humano em todo o planeta que esteja em uma relação doente como essa porque "gosta de apanhar". Ninguém gosta de ser humilhado, ninguém nasceu pra isso... e reduzir uma vítima de uma relação doentia como essa que envolve pressão psicológica, ameaça, agressão física a alguém que está nisso porque quer é no mínimo estupidez. Dizem que só conhece mesmo uma dor quem o sente. Como poderiamos ser capazes de sequer mensurar todo o medo, a vergonha e o terror passado por uma pessoa sem habitarmos sua pele?

A partir desse momento em que a última página do livro de Sofia Silva foi virada algo mudou drasticamente dentro de mim; eu, que procurava um romance bonitinho sobre superação naquelas páginas encontrei muito mais do que procurava... encontrei uma eterna revolta queimando dentro de mim por todos aqueles que erguem suas mãos contra uma pessoa alegando amá-la. Como se milhares de vozes de todas as partes do mundo quisessem espaço em minha garganta para soltar um terrível e doloroso grito ensurdecedor.

Hoje estou emprestando minhas mãos a todas elas.

Li vários relatos, várias histórias... tão absolutamente terríveis. E através deles pude entender que muito mais do que as marcas e cortes em seus corpos, o trabalho que o agressor opera na mente da vítima é muito, muito mais extenso. As mesmas frases se repetiram em vários dos relatos que li "Eu achava que era minha culpa". "Ele dizia que eu tinha o obrigado a fazer o que fez". "Ele me pediu perdão, chorou e eu o perdoei". "Eu achei que poderia mudá-lo... salvá-lo."
Confesso que de início eu não entendia. Eu só conseguia pensar "Por que elas não foram embora no primeiro apertão ou tapa? Por que não contaram para as suas famílias? Por que deixaram acontecer?" Até que percebi que nada é assim tão simples. Que aquele que as batia, também era aquele que um dia as enchia de beijos, de presentes e de "amor"... e que elas achavam que, se fizessem tudo direito, talvez pudessem resgatar essa pessoa que eles eram quando elas "não faziam nada de errado". O mesmo que batia era aquele que chorava copiosamente e implorava perdão, que dizia que nunca mais aconteceria... eram os homens que elas amavam. Quando elas olhavam pra eles não viam o monstro ali, a espreita como qualquer pessoa de fora da relação claramente via.

Hoje assisti um filme sobre a temática, chamado "Então matei-o" - um filme Português sobre uma mulher grávida chamada Catarina que está presa por ter assassinado seu esposo abusador e que, ao ser entrevistada por uma mulher chamada Suzana (que sem se dar conta também está entrando em um relacionamento tão doentio quanto o que ela vivia) passa a contar desde o começo o que a levou a esse ato de desespero. No filme ela conta como ele era carinhoso, romântico e charmoso no início de seu relacionamento e como gradualmente ele foi revelando o monstro que o habitava. Enquanto relata os acontecimentos Catarina sem saber, está fazendo com que Suzana reveja seu próprio relacionamento com um rapaz que assustadoramente se parece com o homem que Catarina matou e, com sorte, talvez ela não permita que a história se repita. E ao finalizá-lo percebi o quanto é importante que a voz de alguém que passou por esse tipo de situação seja de fato ouvida.
Não só para que seu agressor seja enfim parado, mas para que todas as outras pessoas que passam pela mesma situação a ouçam e talvez, esperançosamente, encontrem um caminho de volta. Essas vozes precisam ser ouvidas! Embora o medo e a vergonha muitas vezes as amordace são histórias como de Paola de Sorrisos Quebrados e de tantas outras quebradas que darão esperança aquelas que ainda estão aprisionadas.

E, se essas vozes forem altas o suficiente, quem sabe? Talvez enfim sejamos capazes de fazer todos os monstros entenderem que nós não os deixaremos mais partir os nossos sorrisos, nem nossos corações.

Quando comecei essa postagem eu não sabia muito bem aonde ela iria dar. Simplesmente fui tomada por esse sentimento de urgência ao terminar esse filme porque me desespera pensar que alguém de fato está vivendo dessa forma. Que uma alma está sendo quebrada dessa forma.

Escreva sobre isso. Sussurre... Grite! 

Grite tão mas, tão alto que o mundo não terá outra opção a não ser te ouvir.

3 comentários:

  1. Uauuuuuu gostei falou bem e tudo,tbm fico encantada com os livros dela ,pois tem realidade no que ela escreve .o livro e maravilhoso !ameiiiiíi

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  2. Uauuuuuu gostei falou bem e tudo,tbm fico encantada com os livros dela ,pois tem realidade no que ela escreve .o livro e maravilhoso !ameiiiiíi

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  3. Um texto pertinente sobre esse assunto tão vasto, atual e necessário... E é emocionante ver como um livro bem escrito, com sensibilidade e paixão pode despertar a consciência das pessoas.

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